Desde que a pandemia do coronavírus começou, os idosos tiveram que parar suas atividades. A vacina traz esperança de dias melhores, mas, enquanto isso, cada um faz o que pode para se manter ocupado. Em Urânia (SP), o Fundo Social de Solidariedade montou um projeto para matar a saudade das bordadeiras.
A aposentada Ineusina Casarotti está entre as pessoas que sentem falta das atividades, passeios e encontros. Após o início da pandemia, muita coisa mudou para ela.
"A rotina era: de terça-feira, a gente levantava cedinho para ir para o treino. Terça, quinta, às vezes no sábado. Na terça e quinta, participava da hidroginástica e, na quarta-feira, do bordado", explica.
Entre os vários compromissos de Ineusina estavam também os encontros com a turma do bordado da cidade. Semanalmente, elas se reuniam para bordar e colocar o papo em dia. Entre um ponto e outro, elas conversavam, se divertiam e curtiam bons momentos em grupo.
"Não é que fica só ali bordando, mas a gente também vai papeando, dando risada, que é o mais importante. A gente extravasa e a gente vem para casa bem mais feliz, mais solta", continua.
Fundo Social de Urânia distribui materiais para bordadeiras durante a pandemia
Foi pensando em resgatar parte desses momentos que o pessoal do Fundo Social decidiu dar início à iniciativa batizada de "Bordando Saudade". A equipe prepara caixas com material para bordado e, semanalmente, vai para a rua fazer a entrega de casa em casa.
"A cada 15 dias a gente leva o bordado para elas. Aí a gente retorna, busca o bordado e leva novamente. Elas estão curtindo, porque muitas ficam só, então não têm o que fazer. O bordado acaba ocupando espaço na vida delas", explica Roseli Barco, professora do Fundo Social.
As caixas de bordado chegam a 120 idosas. A aposentada Marilene França recebe a dela e, dentro de casa e em segurança, consegue matar um pouco da saudade da antiga rotina.
"Para mim foi muito bom. A gente passa o dia aqui, esquece um pouco das dificuldades, da saudade que a gente sente dos nossos familiares, dos vizinhos, dos amigos. É difícil viver isolado, sem se comunicar com ninguém", conta.
A torcida de todas é que, assim que possível, elas possam se encontrar novamente no bordado, no vôlei e nas viagens.
"A gente gostaria que essa vacina viesse logo ou, melhor, que a pandemia desaparecesse e, com certeza, a gente seria muito feliz em voltar às nossas atividades", completa Ineusina.