Estudo da Fundação Seade divulgado nesta semana mostrou que a taxa de mortalidade da população com idade acima de 60 anos aumentou na região administrativa (RA) de Rio Preto em 2020, por causa da pandemia. Em 2019, essa taxa era de 35,4 mortes por grupo de mil habitantes; no ano passado, ficou em 40,5.
Rio Preto teve a segunda maior mortalidade entre os idosos do Estado, atrás apenas da região da Baixada Santista, que ficou em 42,5 por grupo de mil habitantes. Rio Preto e Santos estiveram, durante a pandemia, entre as cidades em que mais pessoas morreram por causa do coronavírus em relação à população.
A pandemia rompeu com uma tendência populacional que se estendia por mais de 20 anos, de acordo com a Fundação Seade. De 2000 a 2019, a mortalidade caiu em todas as faixas etárias; entre 2019 e 2020, cresceu nas idades acima de 14 anos. “A ruptura na tendência decrescente ocorreu em virtude da pandemia, que atingiu com mais intensidade adultos e idosos”, considera a Fundação Seade.
As menores taxas de mortalidade de idosos no Estado estão concentradas em São José dos Campos e Campinas.
De acordo com Andreia Negri Reis, gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Rio Preto, esse aumento já era esperado. “A maioria dos óbitos por Covid foi na faixa etária acima dos 60 anos”, afirma.
Em Rio Preto, foram 2.828 mortes pela infecção causada pelo coronavírus até esta quinta-feira, 9, a maioria delas entre os idosos, que têm o organismo naturalmente mais debilitado por conta do envelhecimento. Além disso, eles estão mais sujeitos a ter doenças que agravam quadros infecciosos, como diabetes e hipertensão.
Andreia acredita que essa mudança nas taxas não vai impactar imediatadamente na estimativa de expectativa de vida calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Os anos em que temos uma situação epidêmica ou pandêmica, que fogem á realidade, geralmente não entram nesse cálculo. Se após alguns anos, depois da instituição da política de vacinação, essa mortalidade continuar aumentando nessa faixa etária (idosos), o IBGE pode reavaliar e recalcular essa expectativa de vida.”
Niminon Pinheiro, antropóloga e professora da Unirp, acredita que uma gestão que antecipasse as medidas protetivas evitaria mortes. “A expectativa de vida caiu, com certeza. Além da pandemia, a gestão pública atual aumentou a precariedade da vida no Brasil e na nossa região, da vida humana, dos animais e flora. Temos os incêndios provocados, a falta de água, de emprego, de educação. Tudo isso diminui a expectativa de vida e nos torna um povo fragilizado”, afirma.
Em um cenário ainda pandêmico, e com a chegada da variante Ômicron, cujo impacto ainda é desconhecido, continuar protegendo os idosos é fundamental. “Ainda a redução dos contatos, sair somente com necessidade, usar máscara quando tiver contato com pessoas que não são do convívio diário. Seria interessante evitar festas com grandes aglomerações”, pontua Andreia.
Dados
Taxa de mortalidade na região de Rio Preto (por mil habitantes)
Geral – todas as idades
2019: 8,2
2020: 9,6
De 0 a 14 anos
2019: 0,9
2020: 0,7
De 15 a 29 anos
2019: 0,8
2020: 1
De 30 a 44 anos
2019: 1,6
2020: 2
De 45 a 59 anos
2019: 5,3
2020: 6,4
Acima de 60 anos
2019: 35,4
2020: 40,5
Taxa de mortalidade em Rio Preto (por mil habitantes)
Geral – todas as idades
2019: 7,6
2020: 9,8
De 0 a 14 anos
2019: 1
2020: 0,8
De 15 a 29 anos
2019: 0,7
2020: 0,9
De 30 a 44 anos
2019: 1,5
2020: 2
De 45 a 59 anos
2019: 4,9
2020: 6,6
Acima de 60 anos
2019: 34,4
2020: 42,9
Fonte: Fundação Seade
Em sete dias, 4 mortes
A Secretaria de Saúde de Rio Preto divulgou nesta quinta-feira, 9, o boletim semanal da Covid-19. Foram confirmados mais 73 casos, totalizando 98.535 (com 95.587 considerados recuperados), e quatro óbitos, somando 2.828. Desde o início da pandemia, 10.549 pacientes precisaram ser hospitalizados porque desenvolveram síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por causa do coronavírus.
A média móvel de casos está em oito por dia e a de internações e óbitos em um. São níveis que não eram vistos desde o início do surto de Covid-19 na cidade. A média móvel leva em consideração dados da última semana e serve para medir a situação epidemiológica de uma localidade. Há 18% dos leitos de UTI ocupados com pacientes com doenças respiratórias.
De acordo com o boletim, há 140 pessoas internadas com SRAG em Rio Preto, sendo que 16 deles têm Covid-19 confirmada. Desses, quatro são moradores do município e estão na UTI e os outros 12 são da região. a quantidade de hospitalizados com SRAG está alta porque o Hospital da Criança e Maternidade (HCM) está lotado por causa de um surto de doenças respiratórias em crianças.
De acordo com a plataforma desenvolvida por pesquisadores da USP e da Unesp, a taxa de contágio no Departamento Regional de Saúde (DRS) de Rio Preto está em 0,79, o que indica um provável controle da transmissão. (MG)