No ano passado, o deputado federal Tiririca (PL) mandou a Votuporanga assessores de seu gabinete, em Brasília, para uma reunião com 14 prefeitos daquela microrregião com o propósito de mapear demandas dos municípios merecedores de suas emendas orçamentárias. Durante a conversa, os emissários do parlamentar-palhaço foram “aconselhados” a deixar de lado instituições como o Hospital de Base (HB) de Rio Preto e dar atenção maior aos pedidos dos gestores municipais e vereadores.
Isso porque no ano anterior, em 2019, Tiririca havia enviado R$ 1 milhão para ajudar no custeio do HB. “As prefeituras precisam mais de recursos do que o HB”, teria argumentado um dos prefeitos, cuja principal política pública de saúde de sua cidade é comprar ambulâncias e encaminhar pacientes para a instituição rio-pretense.
A conversa acima, que chegou - e revoltou - a equipe de captação do HB, ilustra a disputa pelas emendas parlamentares em Brasília. Nos últimos dois últimos anos de mandato, a situação fica ainda mais acirrada e difícil para os hospitais, quando a cota de emendas impositivas de deputados estaduais e federais é distribuída de olho no voto, já que os parlamentares buscam nos prefeitos e vereadores apoio para disputar a reeleição.
Essa lógica fez a captação de emendas parlamentares dos principais hospitais filantrópicos de São Paulo, por exemplo, cair neste ano 50% em relação ao que foi captado no primeiro ano da atual legislatura.
NOTAS
Foco no privado
Diante da concorrência “imbatível” dos interesses nas urnas, o setor de Relações Institucionais do HB decidiu concentrar esforços, neste e no próximo ano, nas parcerias e doações do setor privado. Uma estratégia que levou, por exemplo, o bem-relacionado assessor de relações governamentais Jurandyr Bueno a trocar os corredores de Brasília pelos points do empresariado.
Turma do chá 1
Logo após a votação que enterrou na Câmara o projeto de reajuste do IPTU na tarde desta terça, 14, o prefeito Edinho Araújo (MDB) chamou ao gabinete o pessoal de sua absoluta confiança para tratar das encrencas políticas: Zeca Moreira (chefe de Gabinete), Luís Fernando China (assessor), Jair Moretti (secretário de Governo), Mário Soler (Comunicação) e, excepcionalmente, Ulisses Ramalho (Serviços Gerais).
Turma do chá 2
O Diário apurou que, na avaliação do grupo, foi um erro de estratégia tratar de reajuste de IPTU neste momento, quando ninguém quer dar má notícia à população, ainda sensível às dificuldades financeiras, físicas e emocionais advindas da pandemia. Ou seja, era abacaxi para descascar no início do próximo ano.
Tijolada
Um dia depois de entregar à Câmara a pauta da campanha salarial de 2022, reivindicando reajuste de 18% nos holerites, auxílio-alimentação fixo de R$ 300 e mais um bônus de R$ 250, o Sindicato dos Servidores Municipais foi surpreendido pelo projeto do Executivo que altera as regras para a aposentadoria do funcionalismo. Via de regra, as mulheres terão de trabalhar até 62 anos e os homens até os 65 para ganharem o direito à aposentadoria.
Cavalo arreado 1
Fábio Marcondes (vereador licenciado pelo PL e titular da pasta de Esportes) nunca fez segredo de que sonha com voos mais altos na política, o que inclui a Prefeitura de Rio Preto. Gente que sabe fazer projeção de votos defende que a ida do presidente Jair Bolsonaro para o PL arreou o cavalo para ele.
Cavalo arreado 2
A tese é de que a migração dos “bolsonaristas-raiz” para o mesmo partido de Bolsonaro fará subir, e muito, o volume de votos da legenda, ampliando a bancada. Este fenômeno deverá ocorrer de forma ainda mais acentuada na briga a deputado federal, com Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli puxando votos. No caso de Marcondes, no entanto, a angústia existencial sobre pular ou não no cavalo arreado fica por conta de sua relação íntima e sincera com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), pré-candidato ao governo do Estado. O típico “lugar certo, mas na hora errada.”
Faltam dois
Depois de 35 anos de atuação em tribunais do júri, o promotor Marco Antonio Lelis se prepara para pendurar a beca. Ele prevê apenas mais duas de suas performances, uma em Olímpia e outra em Rio Preto, o que deve ocorrer após o recesso no Judiciário. O plano é pedir licença-prêmio em fevereiro e, em seguida, a desincompatibilização do cargo para disputar uma cadeira na Câmara Federal pelo Avante.