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Como a crise no setor imobiliário da China pode impactar a economia do Brasil

Como a crise no setor imobiliário da China pode impactar a economia do Brasil
11.09.2023     Fonte: ESTADAO

Como isso impacta a economia e o Brasil?

Paulo Gitz, da XP, pontua que o setor imobiliário tem sido, há muito tempo, um importante impulsionador do crescimento chinês, sendo um dos principais responsáveis pela geração de emprego no país.

Assim, com uma crise nas gigantes imobiliárias e no setor como um todo, não apenas os credores das empresas ficam com problemas financeiros, mas boa parte da população pode ter sua renda impactada, com menos emprego e com dificuldade de acessar crédito, tornando todo o crescimento econômico da China mais lento.

"Porém, uma crise no setor afeta muito mais que empregos e renda na China, repercutindo em todo o mundo", comenta o estrategista.

Esses impactos são divididos em duas principais frentes:

a cadeia produtiva do setor imobiliário;

a redução na demanda por produtos em nível global.

1?? Por ser um setor muito grande, todas as matérias-primas para a construção de imóveis na China são utilizadas em quantidades enormes — e, por isso, o país tem de importar os materiais, sempre em alto volume. Dessa forma, o setor imobiliário chinês se tornou um dos principais demandantes de minério de ferro do mundo, muito utilizado nas construções.

Com a crise no segmento e a desaceleração da segunda maior economia chinesa, as vendas de casas e número de novas casas estão caindo, e isso impacta na demanda pelo minério e outros itens essenciais da cadeira produtiva.

Assim, o preço do minério de ferro cai no exterior (já que a demanda é menor), fazendo com que todas as empresas exportadoras da commodity tenham suas receitas impactadas. É o caso da Vale, uma das mais importantes companhias brasileiras, e de outras gigantes do setor, como CSN, Gerdau e Usiminas.

O minério de ferro é o terceiro produto mais exportado pelo Brasil, com um registro de US$ 2,39 bilhões negociados apenas em julho, atrás apenas da soja (com US$ 4,87 bilhões) e do petróleo (com US$ 3,74 bilhões).

2?? Além das tensões setoriais, com o segmento imobiliário em crise, os empregos e a renda dos chineses são impactados, levando a um menor consumo por parte da população.

Isso pode parecer um problema apenas da China. Mas, se tratando da segunda maior economia do mundo, quando a população chinesa passa a consumir menos, todos os países que exportam matérias-primas ou outros produtos para o país asiático podem sofrer.

Novamente, esse é o caso do Brasil, que tem como maior parceiro comercial a China, de forma disparada. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, foram exportados quase US$ 9,5 bilhões para a região, enquanto o segundo colocado, a União Europeia, importou US$ 4,8 bilhões do país.

Se os chineses consomem menos, a demanda por produto brasileiro também cai, reduzindo significativamente os níveis de arrecadação do país e com um potencial de enfraquecer, também, o crescimento econômico.

O Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, conta com uma arrecadação federal forte para conseguir fechar as contas públicas. Assim, os problemas na economia chinesa podem atrapalhar, também, os planos do governo de zerar o déficit público no próximo ano.

Em um cenário de desaceleração severa na China, todas as cadeias produtivas dos itens que são exportados pelo Brasil podem sofrer, do minério de ferro às commodities alimentícias. Com as empresas enfraquecidas, pode haver prejuízo sobre os empregos e a renda dos trabalhadores, afetando a economia brasileira como um todo.

O que a China está fazendo para resolver o problema?

Paulo Gitz comenta que o Banco Popular da China (PBoC, o banco central do país) tem reduzido, aos poucos, diversas de suas taxas de juros, como uma forma de tentar estimular a economia.

Com juros mais baixos, fica mais barato para a população tomar crédito e realizar financiamentos, o que facilita a decisão de compra de produtos de alto valor, como os imóveis.

"O mercado, no entanto, não vê o nível atual de estímulos como suficiente, considerando o agravamento das condições de crédito no país", destaca o especialista.

Desse modo, Gitz considera que novos movimentos desse tipo, com estímulos econômicos e monetários, devem continuar sendo implementados pelo governo chinês, a fim de tentar manter o crescimento econômico do país.