A Polícia Federal (PF) de Araçatuba (SP) prendeu mais um homem suspeito de participar do esquema ligado à venda de crédito ilegal de carbono de terras públicas da União. Ele se apresentou na sede da PF na manhã desta sexta-feira (7).
Ricardo Stoppe Junior, de 56 anos, que já era procurado, foi encaminhado para a cadeia de Penápolis (SP). Ele também teria participação nos crimes.
Ricardo é o pai do homem que seria o líder do esquema e foi preso durante a Operação Greenwashing, realizada na quarta-feira (5).
O advogado de defesa do suspeito diz que discorda da decisão e que a prisão foi realizada por se tratar de um caso divulgado pelos veículos de comunicação. Informou também que o cliente dele não representa perigos e não há elementos suficientes para a reclusão.
Operação
Durante a Operação Greenwashing, foram cumpridos dois mandados de prisão e quatro de busca e apreensão, em casas e fazendas em Araçatuba. Os chefes da organização criminosa são moradores da cidade, informações da PF.
Na ocasião, um homem foi preso, suspeito de comandar uma organização criminosa que vendia crédito ilegal de carbono de terras públicas da União invadidas, além de fraudar documentos para explorar a Amazônia ilegalmente.
Conforme a investigação, o grupo vendeu cerca de R$ 180 milhões em créditos. A operação também apreendeu dois aviões em Birigui (SP).
Ainda de acordo a polícia, foram cumpridos, no total, cinco mandados de prisão preventiva e 76 de busca e apreensão nos estados de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná e Ceará, além de São Paulo.
Fraudes
Segundo a Polícia Federal, as fraudes fundiárias surgiram no município de Lábrea (AM) e se estenderam por mais de uma década. O esquema envolve a duplicação e falsificação de títulos de propriedade, o que resultou na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.
Mais de um milhão de metros cúbicos de madeira em tora foram extraídos, o que causou dano ambiental avaliado em R$ 606 milhões. Segundo a PF, a organização também adquiriu aproximadamente R$ 820 milhões em terras ilegalmente ocupadas.
Entre 2016 e 2018, a organização criminosa passou a reutilizar títulos de propriedade e a inserir dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), com a ajuda de servidores públicos e responsáveis técnicos.
De acordo com informações da PF, os crimes identificados incluem a emissão de certidões falsas feitas por servidor da Secretaria de Terras do Estado do Amazonas (Sect/AM), a sobreposição de registros e a apropriação indevida de terras públicas.
Além de exploração florestal e pecuária em áreas protegidas, há a criação de gado "fantasma" para atender áreas com restrições ambientais, venda de créditos virtuais de madeira e a obtenção de licenças ambientais fraudulentas.
A Operação Greenwashing conta com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Receita Federal do Brasil (RFB), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de acadêmicos e profissionais de registro de imóveis.