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Jovem de Palmeira d´Oeste deixa sua marca na Antártica

Jovem de Palmeira d´Oeste deixa sua marca na Antártica
14.02.2024     Fonte: efe

Meu nome é Francielli Vilela Peres, nasci em Palmeira D’Oeste no dia 05 de outubro de 1990. Sou filha de Evaristo Peres Novo e Valdirene Vilela de Freitas Peres e residi grande parte da minha vida na casa da família, juntamente com meus irmãos Alessandro Vilela de Freitas Peres e Daniele Vilela Peres, na rua Marechal Castelo Branco.

Minha trajetória escolar incluiu as seguintes escolas públicas: Minervina Barbara Cardoso, Disnei Antônio Monzani e Orestes Ferreira de Toledo. Graças a uma bolsa de estudos, pude concluir o ensino médio na escola comunitária CEIA, em 2008.

Desde a infância, sempre gostei muito de estudar e desenvolvi um grande interesse pela natureza e por todos os assuntos relacionados ao meio ambiente. Ainda durante o ensino fundamental, tomei a grande decisão de seguir a carreira de Bióloga.

No último ano do ensino médio, prestei vestibular para cursar o bacharelado em Ciências Biológicas, sendo aprovada na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, e na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados, ambas no estado do Mato Grosso do Sul.

Em 2009, com 18 anos de idade, me mudei para Campo Grande para seguir meu sonho. No entanto, deixar Palmeira D’Oeste não foi uma decisão fácil. O consolo é poder voltar todos os feriados e durante as férias. Com minha família e amigos de infância na cidade, voltar sempre foi motivo para festa.

Segui com minha graduação e desenvolvi grande fascínio pelos microrganismos e pelo ambiente marinho. Em 2013 me formei e finalmente recebi meu diploma de Bióloga.

No mesmo ano, iniciei o processo seletivo para ingressar no mestrado em Microbiologia no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

Fui aprovada e me mudei para a cidade de São Paulo. Iniciei essa nova fase no Laboratório de Ecologia Microbiana (coordenado pela professora Dra. Vivian Pellizari) no Instituto Oceanográfico.

Ao longo do mestrado tive a oportunidade de conhecer o mar pela primeira vez e minha paixão pelo oceano só aumentou.

Finalizei meu mestrado em 2016 e, em 2017, iniciei meu doutorado na mesma área. Ao longo da minha carreira de pesquisadora, tive a oportunidade de conhecer muitos lugares, diversos navios e acumular muitos dias de mar. Trabalhei na Bacia de Santos e Bacia de Campos com diferentes projetos e colaborações.

Em 2022, finalmente defendi minha tese de doutorado e uma etapa ainda maior me aguardava. Ainda em 2022, iniciei meu pós-doutorado em Oceanografia Biológica pelo Instituto Oceanográfico da USP.

Entre diferentes projetos e colaborações, um deles marcaria minha carreira para sempre. Participei de um projeto cujo objetivo é o estudo de diversos animais e de comunidades microbianas associados a carcaças de baleia na Antártica (coordenado pelo professor Dr. Paulo Sumida).

E assim, o sonho de conhecer a Antártica estava mais próximo do que nunca. Para isso, precisei passar por um extenso treinamento militar para capacitação e avaliação física, além de aprender técnicas de sobrevivência e primeiros socorros. Após a provação nessa etapa, começou nosso trajeto rumo ao continente gelado.

Para chegar até a Antártica, são necessárias muitas etapas, e o apoio logístico é realizado pelo Exército Brasileiro. Em Pelotas (RS), nos esperava o avião Embraer KC-390, um avião de transporte militar. Com esse avião fomos até a cidade Punta Arenas, no Chile, e lá embarcamos no Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil.

Para chegar até a Antártica é preciso atravessar a passagem de Drake, uma região que concentra as piores condições meteorológicas marítimas do mundo. Após 4 dias de travessia e muito balanço, chegamos ao continente mais isolado e extremo do planeta.

A Antártica é o continente mais seco, mais ventoso e o mais frio do mundo. Pela dureza das condições climáticas, a Antártica não possui população permanente, apenas população provisória de cientistas e pessoal de apoio nas bases polares, que oscilam entre verão e inverno.

A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) é uma Base na Antártica pertencente ao Brasil que começou a operar em 1984, mas antes disso, em dezembro de 1982, o Brasil realizou sua primeira Operação Antártica (Operantar I), abrindo caminhos e possibilitando inúmeras pesquisas no continente. Eu tive o prazer de participar da quadragésima segunda Operação Antártica Brasileira (Operantar XLII), realizada em 2023/2024. Foram dois meses de expedição, muita pesquisa e muitos desafios.

 

Ao lado da estação brasileira há um marco, para que os visitantes possam registrar sua passagem por lá e simbolizar a presença de sua respectiva cidade ou região.

Ao saber disso, já na estação, contei com a ajuda de um amigo do grupo base (André Washington) para fabricação da minha placa. No dia 13 de dezembro de 2023, no aniversário de 79 anos de Palmeira D’Oeste, como um gesto simbólico, preguei nossa placa. Mesmo estando a 4.666 km de distância de Palmeira D’Oeste, me senti em casa. Palmeira D’Oeste estava na Antártica!

 Provavelmente fui a primeira cidadã palmeirense a estar na Antártica e não poderia sair de lá sem marcar a presença da nossa querida cidade na terra do gelo. Torço para que, no futuro, mais pessoas de Palmeira D’Oeste cheguem até lá. Seguir carreira como cientista é um caminho árduo, mas muito gratificante! Como cidadã palmeirense, tenho muito orgulho da minha cidade e de toda base e história que construí por lá.