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Noroeste paulista já registra 100 mortes por dengue e mais de 86 mil casos da doença neste ano

Noroeste paulista já registra 100 mortes por dengue e mais de 86 mil casos da doença neste ano
29.12.2024     Fonte: eNoroeste

A região noroeste paulista registrou 100 mortes por dengue e mais de 86 mil casos positivos da doença neste ano. São José do Rio Preto (SP) contabilizou 10 óbitos pela doença.

Em Rio Preto, a vítima mais recente era uma mulher, entre 70 e 79 anos, com comorbidades, de acordo com a Secretaria de Saúde. O resultado do exame com a causa da morte foi divulgado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Os meses de abril e maio tiveram a maior ocorrência de óbitos na cidade: foram 3 e 4, respectivamente.

De janeiro a novembro, o município registrou 25.807 casos confirmados de dengue. Só no mês passado, foram 2.884 registros, dos quais 498 confirmados e 2.170 em investigação.

No noroeste paulista, já são 86.602 casos confirmados e 100 mortes por dengue,

Situação recorde em 2024

Os números da doença não bateram recordes somente no estado de SP, já que o país inteiro sofreu uma alta inesperada nas mortes e casos. Em abril, o Brasil já havia batido o maior número de mortes da série histórica.

Até o meio de dezembro, o país registrou mais de 6 milhões de casos confirmados e 5 mil mortes ocasionadas pela doença.

Segundo Teixeira, há uma série de fatores que explicam a realidade em 2024. São eles:

Característica cíclica do vírus

Teixeira explica que algumas doenças virais apresentam ciclos de infecção, que é o caso do vírus transmitido pelo Aedes aegypti.

"A dengue tem uma característica que, ao longo dos anos, ela tem alguns picos, algumas epidemias. Então parece uma escada, ela sobe, desce, sobe e desce", explica. "O problema é que, desde o começo dos anos 2000, as subidas têm sido cada vez maiores, e as descidas, não tão grandes quanto a gente gostaria."

Os padrões de repetição do vírus tendem a se repetir a cada cinco anos, o que resultou nas altas em 2024.

Circulação de diferentes tipos do vírus

Como aponta o infectologista, há quatro tipos da doença que circulam no país, que são conhecidos pelas siglas Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4. Uma pessoa que já foi infectada pelo tipo 1 só pode contrair as outras variantes da doença. Ou seja, há a possibilidade de ter dengue quatro vezes na vida.

"Em São Paulo, a gente teve mais municípios com um maior número de mosquitos, dois tipos de vírus, dengue 1 e dengue 2, circulando dentro do estado, o que culminou com o aumento da curva."

O especialista explica, ainda, que a predominância foi do tipo 2. E, nos últimos meses do ano, o tipo 3 começou a aparecer com mais frequência, o que ajuda tanto no aumento do número de pacientes reincidentes quanto nas dificuldades do combate ao vírus.

Situação climática

Um estudo da Universidade de Campinas (Unicamp) demonstrou que o aumento na temperatura, consequência do aquecimento global, impacta mais na alta do número de casos da doença do que a chuva.

Entretanto, como explica o médico infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a soma dos dois fatores também favorece a doença.

"A epidemia depende de vários fatores, mas um dos principais é se você tem um aumento de temperatura que favorece a proliferação do mosquito, se você tem um período de chuvas intensas", diz.

As chuvas também são citadas por Teixeira como agravantes da situação. "A gente teve um período de muita chuva, já desde o final de 2023, que foi mais chuvoso e mais quente e acabou culminando, junto com os outros fatores, na maior proliferação da doença", explica.

Um maior índice de precipitação e temperaturas mais elevadas são, justamente, as características que marcam o El Niño. O fenômeno climático determina mudanças nos padrões de transporte de umidade e variações na distribuição das chuvas e perdurou no Brasil do começo do ano até junho, afetando o número de casos da doença, como mostrou o podcast O Assunto.

Vacinação

Tanto no estado quanto na capital, os índices de vacinação não estão próximos do total do público-alvo, formado por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

Segundo nota do governo do estado, de fevereiro ao dia 3 de dezembro, apenas 22,35% dessa população havia sido vacinada com a primeira dose. Os números da segunda dose são ainda menores, sendo que a cobertura foi de apenas 9,57%.

Na cidade de SP, a cobertura vacinal atualmente é de 45,7% para a primeira dose e de 25,1% para a segunda dose, conforme informações da Secretaria Municipal da Saúde.

O médico infectologista do Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira, classifica o cenário vacinal como "confuso".

"Assim, é um momento um pouquinho confuso em relação à vacina porque o Ministério da Saúde implantou isso no ano passado no Plano Nacional de Imunizações (PNI), mas colocou um monte de regra e tem um estoque limitado de vacina", diz. "Isso levou com que as campanhas de vacina fossem bem difíceis de serem realizadas".

Por esses razões, o médico diz que a vacina só será parte do combate efetivo a partir de 2026. "Vai ser a muito longo prazo, tanto do ponto de vista de saúde pública como no privado. Já que está bem difícil de achar a vacina até na rede privada", conta.

Preparos para 2025

Além das vacinas, que entram como aliada daqui a alguns anos, o infectologista cita as ações que podem ser tomadas pelas gestões para os números de registros de novos casos e mortes não sejam tão altos. Entre elas:

Alerta epidemiológico;

Intensificação do combate aos criadouros;

Compra de estoque de insumos para pulverização;

Intensificação do monitoramento das arboviroses;

Treinamento e capacitação dos profissionais que fazem a varredura;

Intensificação da educação da população para evitar criadouros nas casas.

O que diz a Secretaria Estadual de Saúde?

"A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que monitora, de forma contínua, os casos de dengue e outras arboviroses no estado, acompanhando indicadores importantes para a avaliação do comportamento da epidemia e disponibiliza os resultados por meio de boletins e painéis informativos no portal do Núcleo de Informações Estratégicas em Saúde (NIES), disponíveis no link: https://nies.saude.sp.gov.br/ses.

Para 2025, será realizada a capacitação dos municípios para implantação de novas tecnologias para vigilância e controle do vetor Aedes aegypti; a gestão dos equipamentos aplicadores e dos inseticidas para repasse aos municípios; capacitação das equipes municipais para ações de controle do Aedes aegypti; apoio técnico e operacional para organização das atividades pelas equipes municipais; e monitoramento do estoque de inseticidas adequado para repasse aos municípios.

A SES atua na elaboração de diversos documentos norteadores, como a atualização do Plano Estadual de Contingência das Arboviroses Urbanas no estado de São Paulo com as recomendações para 2025; atualização das Diretrizes das Arboviroses do estado de São Paulo para 2025/2026; atualização da capacitação de Manejo Clínico das Arboviroses Urbanas no Estado de São Paulo para 2025/2026.

Por fim, um ofício foi encaminhado aos 645 municípios do estado e aos Departamentos Regionais de Saúde (DRSs) do Estado sobre a intensificação das ações de monitoramento dos casos notificados para arboviroses, assim como as ações de controle de criadouros nos meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025, tendo em vista o período das férias e as festividades de final de ano.

Neste ano, a SES, por meio da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), realizou a Semana Estadual de Mobilização Contra as Arboviroses, de 11 a 16 de novembro, com a realização do Dia D de combate à dengue no dia 13 do mesmo mês. Além disso, foi realizado o Simpósio de Arboviroses em conjunto com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems)."