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MP faz acordo para que motorista pague um salário mínimo após atropelar criança que teve crânio amassado

MP faz acordo para que motorista pague um salário mínimo após atropelar criança que teve crânio amassado
07.02.2025     Fonte: G1

O Ministério Público fez um acordo para que uma motorista pague um salário mínimo de indenização após atropelar a menina de três anos que quebrou a perna, teve o crânio amassado e passou por cinco cirurgias em São José do Rio Preto (SP). O acidente ocorreu no dia 6 de julho do ano passado, no bairro João Paulo II.

O acordo de não persecução penal foi proposto pelo promotor Evandro Ornelas Leal para a mulher no dia 31 de janeiro deste ano.

Conforme o documento, a mulher confessou o crime e assumiu o pagamento de R$ 1,5 mil, dividido em cinco prestações. Depois de paga a última parcela do acordo, prevista para junho, o caso será arquivado.

Se o acordo for homologado pela Justiça, o valor será encaminhado ao Fundo Municipal de Direito das Crianças e Adolescentes de Rio Preto. Ao g1, o promotor explicou que o valor foi definido considerando:

Crime culposo e houve concurso de desatenção do(s) responsável(eis) pela criança de três anos, que saiu da calçada e foi para a rua, tendo surgido de surpresa, sem que a condutora tivesse a visto, lembrando a baixa estatura para dificultar a visão;

A condutora não tem renda própria e ainda é mãe de duas crianças especiais;

O acordo tem por objeto apenas o crime e que ela não fica isenta de eventual indenização no cível que venha a ser pleiteada pelos pais da criança-vítima.

A motorista foi indiciada pela Polícia Civil por praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e fuga do local do acidente.

O que diz a defesa

O advogado de defesa da mulher, Lucas Hernandes Lopes, informou que, no dia do acidente, ela não trafegava em alta velocidade e a criança surgiu repentinamente entre os carros estacionados do lado direito.

A defesa informou ainda que a mulher e o marido ofereceram ajuda necessária à recuperação da criança, mas, segundo o advogado, ambos foram respondidos com ameaças, além da depredação do carro.

O advogado finalizou dizendo que a motorista não pretende recorrer se a Justiça homologar o acordo de pagamento de um salário mínimo.

"Ela está plenamente ciente de que se trata de um acidente grave envolvendo uma criança e, além disso, compreende profundamente a dor que toda a família está vivenciando. Ela reconheceu a responsabilidade a respeito do acidente, inclusive, de não ter prestado socorro, em razão de ter ficado assustada no momento, fato pelo qual se arrepende", comenta o advogado da mulher.

Indignação

Diante da situação da filha, a mãe, Beatriz Alves Carvalho, contou que precisou parar de trabalhar. Ao g1, ela relatou que se sente indignada com a proposta do MP, uma vez que a criança chegou a passar quase três meses no hospital após o acidente.

"Tenho a sensação de que a vida de um ser humano não vale nada, ainda mais a de uma criança totalmente inocente. Dá a impressão de que o que aconteceu com a minha filha não significa nada. Nunca desejei vingança, apenas que fosse feita a justiça", reforça a mãe.

Acidente

No dia do acidente, segundo o boletim de ocorrência, a menina estava em frente à casa onde mora com a tia e a avó, na calçada, quando foi atropelada. Conforme a tia relatou à polícia, foi arrastada por cerca de seis metros. A motorista fugiu do local do acidente.

Com ajuda da família, a Polícia Civil localizou a motorista na casa dela, no bairro Vale do Sol, dois dias depois do acidente. Ela foi ouvida e liberada.

A menina foi levada pela família à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jaguaré, mas, devido à gravidade dos ferimentos, precisou ser transferida para o Hospital da Criança e Maternidade (HCM).

Ela recebeu alta hospitalar no dia 25 de setembro, mais de dois meses depois do acidente. Em seguida, a criança iniciou o tratamento de reabilitação motora e perdeu parte do cabelo após o enxerto na cabeça.