Desde o início deste ano, dez pessoas morreram afogadas nos rios da região de São José do Rio Preto (SP), sendo seis delas nos últimos sete dias. O aumento da movimentação nos rios é resultado da coincidência entre o fim da Piracema e o carnaval, o que gerou preocupação nas autoridades locais.
Com a liberação da pesca e o calor intenso, a procura por lazer nos rios aumentou consideravelmente. Contudo, esse cenário também tem se mostrado trágico, com dez mortes registradas por afogamento em 2025, sendo nove delas envolvendo pescadores. Os dados foram contabilizados pela reportagem até quarta-feira (5). O grande número de afogamentos e acidentes com embarcações gerou um alerta para a segurança nas águas do noroeste paulista.
Em entrevista à TV TEM, o Tenente Leandro Rogério Lopes, do Corpo de Bombeiros, destacou a importância de cuidados ao navegar.
"A pessoa precisa estar habilitada e sempre usar o colete flutuador. Esse equipamento pode ser determinante para a sobrevivência em caso de acidente. Mesmo quem sabe nadar não está livre do risco, pois a correnteza e outros obstáculos podem ser fatais", explica. Ele também alertou que, em situações de imprevistos, como a queda da embarcação, o colete salva-vidas pode ser crucial para a sobrevivência.
Já o Tenente Fábio Leme, da Polícia Ambiental, reforça a importância do colete, especialmente em momentos de risco.
"O colete deve estar bem ajustado ao corpo, com todas as presilhas devidamente presas. Isso é essencial para garantir a segurança de quem está embarcado", afirma.
Ele também alerta para as diferenças entre nadar em um rio e em uma piscina, destacando os perigos das correntezas e a visibilidade reduzida, que dificultam o resgate de vítimas.
Segundo o comandante da Capitania Fluvial Tietê-Paraná, Renato Luís Kodel, a Marinha tem intensificado as fiscalizações na região para garantir a segurança no tráfego das embarcações.
Em uma operação recente no Rio Grande, 140 embarcações foram inspecionadas, resultando em 23 irregularidades e 10 apreensões. O comandante ainda alerta que pilotar embarcações sob efeito de álcool é uma infração, assim como ocorre no trânsito. Durante as fiscalizações, a Marinha realiza testes com bafômetros para verificar o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos condutores, e a permissão para pilotar, chamada RAIS, pode ser revogada se o motorista for flagrado embriagado.
Além disso, foi reforçado que os pescadores devem usar coletes salva-vidas enquanto as embarcações estiverem em movimento, com fiscalização rigorosa sobre essa questão. O comandante esclareceu que o colete é obrigatório durante o deslocamento no rio, sendo facultativo apenas quando o barco estiver parado para pescaria.
Dois pescadores, Flávio Nechi e Cleber Colazantes, também comentaram sobre a importância do uso de coletes e dos cuidados com as condições do tempo.
"Quando um barco vira, o medo e a emoção tomam conta. A fraqueza bate e, mesmo que não bata a cabeça, a pessoa não consegue nadar até a margem. Por isso, o colete salva-vidas é imprescindível, ele pode fazer toda a diferença", comenta o artista plástico, Flávio. Cleber também concorda, destacando o risco das tempestades rápidas que podem virar um barco.
"A gente sabe que a qualquer momento o vento pode virar tudo. Se não tiver o colete, fica muito mais difícil sobreviver. A segurança é tudo", afirma o pintor.
Acidentes recentes na região
Na última semana, dois acidentes envolvendo embarcações resultaram em mortes. Em Orindiúva (SP), no Rio Grande, dois barcos colidiram na madrugada de segunda-feira de carnaval (3). O pescador Deneval Aparecido Lazarim, de 43 anos, que estava em um dos barcos, morreu após o acidente. Seu corpo foi encontrado dois dias depois, boiando no rio. Outras quatro vítimas foram socorridas, mas sofreram apenas ferimentos leves.
Em Sales (SP), no Rio Tietê, um pai de aproximadamente 70 anos e seu filho de cerca de 50 anos morreram afogados depois que a lancha em que estavam virou durante um vendaval na noite de terça-feira de carnaval (4). O Corpo de Bombeiros de Novo Horizonte foi acionado para resgatar as vítimas, que já estavam sem vida quando foram localizadas. Os corpos foram encaminhados ao IML de Rio Preto.
Além desses casos, a região já registrou outras mortes trágicas em acidentes com embarcações, como o ocorrido em Ubarana (SP), em 8 de fevereiro, quando um pescador morreu afogado no Rio Tietê. Outras vítimas fatais foram registradas em locais como Monte Aprazível (SP), Rubinéia (SP), Indiaporã (SP) e Icém (SP), aumentando a preocupação com a segurança nas águas da região.
Em todos esses casos, as autoridades reforçam a importância de conscientizar sobre os riscos, utilizar coletes salva-vidas e garantir responsabilidade ao pilotar embarcações, a fim de evitar novas tragédias.