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Noroeste paulista lidera doação de órgãos no Brasil; saiba como é o processo

Noroeste paulista lidera doação de órgãos no Brasil; saiba como é o processo
24.09.2025     Fonte: G1

O noroeste paulista tem o melhore índice de doação de órgãos do país, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Médicos e especialistas em saúde consultados pela TV TEM apontam dois motivos para estes resultados: o trabalho da Organização de Procura e Órgãos (OPO) que atua nas redes públicas e privadas diretamente na captação, e a empatia das famílias.

Segundo a ABTO, o Brasil deveria atingir pelo menos 30 doadores efetivos por milhão de pessoas para atender à demanda nacional. No entanto, dados mostram que, atualmente, o país registra em torno de 20 doadores.

Na contramão desse cenário, o noroeste paulista se destaca por registrar 46 doadores por milhão de pessoas, mais de duas vezes acima da média nacional. A região de Barretos(SP), que aparece na segunda colocação, registrou 32,6 doadores por milhão, conforme a ABTO.

No noroeste paulista, das famílias consultadas sobre a doação de órgãos de entes falecidos pelos profissionais dos 24 hospitais que realizam o serviço, 65% delas dizem “sim”, enquanto no Estado de São Paulo este índice é de 60%, contra 55% no Brasil.

E foi esse “sim” que ajudou a salvar a vida do pedreiro Samuel Antônio do Vale, que, sem nunca ter bebido, conviveu com a cirrose autoimune por 12 anos. A situação se agravou em 2023, quando ele foi infectado por meningite bacteriana e chegou a pesar 12 quilos.

“Eu acredito que foi hereditário, porque eu tive uma irmã que faleceu com câncer no fígado. Naquela época, ela não tinha esse suporte que eu tive. Então, ficou um ponto de interrogação de onde apareceu essa doença”, reflete Samuel.

Em estado grave, Samuel foi transferido de Ariquemes, no interior da Rondônia, onde morava para o Hospital de Base (HB) em São José do Rio Preto (SP). O pedreiro teve preferência na fila do transplante de fígado e fez o procedimento no fim do ano passado.

A cirurgia foi um sucesso e, aos poucos, Samuel conseguiu retomar a vida: “O órgão veio e o corpo se adaptou muito bem”, celebrou o pedreiro.

??Referência

Os resultados do noroeste paulista foram alcançados devido ao trabalho da OPO, presente nos hospitais. Assim que surge um potencial doador, a organização tem a missão de abordar a família do paciente.

O Hospital de Base (HB), por exemplo, é o único hospital referência nos transplantes de córnea, medula óssea, fígado, rim e coração infantil. Conforme o HB, nos primeiros nove meses deste ano, foram 253 transplantes. No ano passado, no total, foram 387 procedimentos.

Em entrevista à TV TEM, o diretor técnico do hospital, Ronaldo Gonçalves da Silva, informou que a partir do momento do diagnóstico de morte encefálica, as famílias são abordadas e questionadas sobre a doação dos órgãos.

“É um momento de bastante fragilidade, normalmente são eventos trágicos para as famílias e elas precisam tomar uma decisão rápida. É importante que, em vida, as pessoas deixem claro a sua vontade de ser doador de órgãos”, explicou Ronaldo.

??Setembro Verde

A campanha Setembro Verde reforça a importância da doação de órgãos e tecidos: um gesto de solidariedade que pode transformar despedidas em recomeços. Para quem aguarda na fila de transplante, a doação de órgãos muitas vezes é a única possibilidade de continuar vivendo.

Conforme a ABTO, um único doador falecido pode beneficiar até 10 pessoas com órgãos. Além disso, a doação de tecidos, córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas, tendões, cartilagens, vasos sanguíneos pode beneficiar mais de 50 pessoas.

Segundo o Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e a ABTO, 71 mil pessoas estavam esperando por doação de órgãos e tecidos em junho de 2025. Os órgãos mais demandados foram rim (38.349), córnea (31.035) e fígado (1.482).