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Faculdade de medicina vai acompanhar voluntários em testes de vacina chinesa contra Covid-19

Faculdade de medicina vai acompanhar voluntários em testes de vacina chinesa contra Covid-19
21.07.2020     Fonte: G1

A Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp)acompanhará cerca de 500 voluntários durante os testes da vacina chinesa contra o novo coronavírus. A prioridade é testar os profissionais da área da saúde.

De acordo com o governo do estado de São Paulo, que divulgou a informação, o Instituto Butantan, coordenador do estudo, recebeu nesta segunda-feira (20) as doses de imunizantes e placebos que serão utilizados nos ensaios clínicos da vacina contra Covid-19, em parceria com a farmacêutica Sinovac Life Science.

A carga, proveniente da China, desembarcou durante a madrugada no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e foi encaminhada à sede do Instituto Butantan para ser verificação. Posteriormente, será realizada a distribuição aos 12 centros de pesquisa responsáveis pelo recrutamento, aplicação e acompanhamento dos voluntários.

O primeiro centro a receber as doses para início dos testes será o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), na capital paulista. Os demais onze centros receberão as doses de modo escalonado e os testes iniciam a partir desta terça-feira (21).

Em todo o Brasil, serão escolhidos 9 mil voluntários distribuídos em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal.

Os voluntários que poderão se candidatar ao estudo são profissionais da saúde que estejam trabalhando no atendimento a pacientes com Covid-19. Além disso, o candidato não pode ter sofrido infecção provocada pelo novo coronavírus, nem ter participado de outros estudos.

As mulheres não podem estar grávidas ou estarem planejando uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é não ter doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.

Entre os recrutados, metade receberá duas doses do imunizante num intervalo de 14 dias e a outra metade receberá duas doses de placebo, uma substância com as mesmas características, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito.

Essas pessoas serão monitoradas pelos centros de pesquisa por meio de exames entre aqueles que tiverem sintomas compatíveis à Covid-19. Assim, poderá ser verificado posteriormente se quem tomou a vacina ficou de fato protegido em comparação a quem tomou o placebo.

Para saber se está dentro dos critérios, o candidato pode acessar a plataforma de triagem criada pelo Butantan no portal. Nela, é possível responder a algumas perguntas e saber se tem o perfil necessário para participação dos testes.

Após esta etapa, serão informados os centros de pesquisa que devem ser procurados para, enfim, iniciarem todos os processos necessários para confirmar a participação. Cada centro ficará responsável pelas informações coletadas dos voluntários, que serão sigilosas.

Profissionais de saúde

Os profissionais de saúde serão os primeiros a receberem a vacina contra a Covid-19. De acordo com chefe do Laboratório de Virologia da Famerp, Maurício Lacerda Nogueira, o público alvo em questão é o que mais está exposto ao risco de ser infectado pelo novo coronavírus.

“Não é uma questão de privilégio, mas sim de aumentar a chance de termos uma resposta mais rápida. Você testar a vacina em uma população que está mais exposta te dá um ganho significativo”, afirmou Maurício, responsável por coordenar os testes na Famerp.

O laboratório chinês Sinovac Biotech, que realizou as duas primeiras fases da pesquisa, diz que os testes realizados indicaram que 90% das pessoas produziram anticorpos contra a doença após duas semanas da aplicação e não foram identificados efeitos colaterais.

Famerp será um dos 12 polos de pesquisa para vacina contra Covid-19 no Brasil

Segundo Maurício Lacerda Nogueira, a fase três do estudo consiste em avaliar a eficácia da vacina em prevenir a doença por coronavírus em milhares de pessoas.

“É um estudo placebo controlado. Algumas pessoas vão receber a vacina e outras uma substância inerte. Ou seja, apenas uma parte dessa população será vacinada e nós vamos comparar com que não foi vacinada. Aí veremos quem teve coronavírus em um grupo e quem teve no outro e quanto a vacina foi capaz de diminuir”, disse.

Além da Famerp, as doses serão aplicadas pelo Hospital das Clínicas, Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Hospital Israelita Albert Einstein, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Unicamp e Centro de Saúde da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto.

Vacina chinesa

No dia 13 de julho, começou a inscrição de voluntários para a terceira fase de testes da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela farmacêutica chinesa de biotecnologia Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Apenas profissionais de saúde que estejam atuando diretamente no combate à Covid-19 poderão participar do estudo.

Outros pré-requisitos são que os voluntários não tenham se contaminado pela doença anteriormente, mulheres não estejam grávidas ou planejem engravidar nos próximos três meses, e que os voluntários morem perto de um dos 12 centros de pesquisa que conduzirão o projeto.

Em todo o Brasil, serão escolhidos 9 mil voluntários distribuídos em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal.

A inscrição e triagem inicial dos voluntários foi realizada pela internet com profissionais da saúde. Cada centros de pesquisa ficará responsável pelas informações coletadas dos voluntários, que serão sigilosas.

Em 3 de julho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a nova etapa do projeto. Dias depois, o governador João Doria (PSDB) anunciou que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) também aprovou a realização dos testes.

CoronaVac

A vacina da Sinovac já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.

Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).

Ela implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.

Cientistas chineses chegaram à fase clínica de testes – ensaios em humanos – em outras três vacinas. Uma produzida por militares em colaboração com a CanSino Biologics, e mais duas desenvolvidas pela estatal China National Biotec.