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Após cirurgia, homem tem parte do crânio guardada no abdômen em Rio Preto

Após cirurgia, homem tem parte do crânio guardada no abdômen em Rio Preto
29.11.2021     Fonte: G1

Socorrido em estado grave após ter a cabeça atingida por enxadão, o ajudante de motorista Onias Brito da Silva, de 61 anos, precisou ser submetido a uma craniectomia descompressiva no Hospital de Base, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

Segundo o g1 apurou, o paciente sofreu um hematoma e uma fratura no crânio. Por isso, passou por uma drenagem e teve parte da calota craniana cortada e colocada no lado esquerdo da parede abdominal.

Cerca de 30 dias depois da cirurgia ser feita, Onias da Silva recebeu alta hospitalar e pôde voltar para a casa onde mora. O g1 tenta entrar em contato com o paciente.

Confira as principais perguntas e respostas sobre o procedimento feito no ajudante de motorista. Todos os questionamentos abaixo foram respondidos pelo neurocirurgião Bruno Bettencourt.

Por que é feito?

O procedimento é comum?

Por que parte da calota craniana é guardada no abdômen?

Todos os pacientes têm parte da calota guardada?

Qual é o procedimento feio pacientes que não tiveram parte da calota guardada?

Podem ocorrer complicações?

Em quanto tempo a parte da calota pode ser recolocada?

1. Por que é feito?

“Quando o paciente sofre um trauma na cabeça, o cérebro incha. Como a caixa craniana é fechada, não tem lugar para o inchaço expandir. Retiramos uma parte óssea para que o cérebro possa expandir, para não ocorrer morte”.

2. O procedimento é comum?

“Toda vez que ocorre um trauma e não é possível controlar o inchaço cerebral com medidas clínicas, o procedimento é realizado. Ou se existe algum hematoma dentro da cabeça e o médico percebe durante a drenagem que o cérebro vai ficar inchado, é recomendável retirar essa parte da calota craniana para que não sofra depois. São essas indicações: edema cerebral ou algum hematoma que você saiba que o cérebro vai expandir com o inchaço.”

3. Por que parte da calota craniana é guardada no abdômen?

“Posteriormente, a calota vai ser recolocada no crânio. Ela precisa ser preservada de infecções e reabsorção óssea. Precisamos guardar em algum lugar, porque não pode deixa-la na cabeça. Falando como um leigo, ela precisa ser sepultada ou alojada em algum lugar. O abdômen é recomendado, justamente, porque tem uma camada de gordura em cima da musculatura. Existe a pele, a camada subcutânea, a camada de gordura e a musculatura. Você colocando entre a musculatura e a gordura, a calota se mantém preservada. É um ambiente seguro que mantém a estrutura óssea íntegra por um bom tempo.”

4. Todos os pacientes têm parte da calota guardada no abdômen?

“Você pode deixar no abdômen, se você sabe que o paciente tem chances de sobreviver. Se estiver contaminada, a calota é jogada fora, porque o osso contaminado não pode ser colocado no abdômen do paciente.”

5. Qual é o procedimento feito em pessoas que não tiveram a calota guardada?

“Uma vez que não é possível utilizar o flap ósseo que foi desprezado, é necessário fazer o que chamamos de cranioplastia, que é uma substituição do osso. Existem alguns materiais. Tem o cimento ósseo que podemos moldar ou as próteses feitas por uma impressora 3D."

6. Podem ocorrer complicações?

“As duas principais complicações, tanto no procedimento de remodelação como durante o alojamento no abdômen, são as infecções e as rejeições. Cria-se uma camada de fibrose, e o corpo vai expelir o material.”

7. Em quanto tempo a parte da calota pode ser recolocada?

“Depende do que você está esperando para o paciente. Quanto temos que fazer esse tipo de procedimento, o paciente está muito grave. Ele sai do hospital, não só com sequela, mas com infecções. Não podemos fazer uma cirurgia enquanto houver uma infecção. Portanto, não existe um tempo médio para a calota se recolocada. Quando o paciente se recupera, é recomendável fazermos a cirurgia."

Homem ferido na cabeça

No dia 18 de outubro, o ajudante de motorista teve a cabeça atingida por um enxadão jogado por um pedreiro. A vítima e o suspeito trabalhavam em uma obra quando começaram a discutir. O caso foi registrado em Bady Bassitt (SP).

De acordo com o boletim de ocorrência, policiais militares foram acionados para atender uma briga entre funcionários e encontraram a vítima caída, com ferimentos na cabeça.

O pedreiro relatou à corporação que Onias ficou nervoso ao receber uma ordem de serviço e tentou golpeá-lo duas vezes com uma enxada.

Depois de conseguir desviar dos golpes, o pedreiro jogou um enxadão na cabeça da vítima. Em seguida, usou um pedaço de madeira para agredi-la.

Ao g1, a Polícia Civil afirmou que ele foi indiciado por lesão corporal grave e continua preso. O inquérito policial foi encerrado e encaminhado ao Ministério Público.