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Preso por estupro em série fez vítima entrar no carro com falso socorro da filha

Preso por estupro em série fez vítima entrar no carro com falso socorro da filha
25.06.2020     Fonte: G1

Em 14 de janeiro de 2020, Augusta (nome fictício) afirma que levantou da cama, escovou os dentes, conversou com a família e resolveu ir a uma loja para consertar seu celular. Era para ser mais um dia comum, mas os momentos de desespero e de terror vivenciados, segundo ela, jamais sairão de sua memória.

Ela é uma das cinco vítimas do soldador José Antônio Miranda da Silva, preso na última sexta-feira (19), em São José do Rio Preto (SP), suspeito de cometer uma série de estupros violentos em cidades da região noroeste paulista e de matar uma mulher e atear fogo no corpo.

Segundo a vítima, ela e uma amiga foram abordadas pelo criminoso na avenida Danilo Galeazzi depois de saírem do estabelecimento. José mentiu e conseguiu fazer com que a mulher entrasse em seu veículo.

“O cara nos abordou e falou que minha filha grávida tinha passado mal, mas que ele tinha a levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Jaguaré. No desespero, eu entrei no carro”, relembra.

“Assim que eu entrei, ele falou que era mentira e que era um sequestro. Então, ele começou a me bater, a dar tapa na minha cara, a me xingar de vagabunda e a dizer que me mataria. Eu só pensei em Deus e que minha vida tinha acabado”.

José foi preso em Rio Preto depois de meses de investigação — Foto: Reprodução/TV TEM

Augusta narra ainda que puxou conversa diversas vezes, tentando fazer com que o suspeito desistisse da ideia, mas ele pediu para ela "calar a boca" e continuou dirigindo o carro.

A mulher também se recorda que pediu para o criminoso não a matar e que tentou pular do carro em movimento enquanto era agredida com tapas no rosto.

“Ele me amarrou com o cinto de segurança e foi para Monte Aprazível, onde entrou no meio de um canavial. Ele começou a me agredir, pegou a faca e riscou minhas costas”, afirma a vítima.

Chave e socorro

Enquanto era estuprada e agredida, Augusta conta que se abaixou e conseguiu ver uma chave de roda embaixo de um dos bancos do carro utilizado pelo criminoso.

“Foi aí que eu pensei: é ele ou eu. Ele estava deitado no banco do motorista, eu peguei a chave e bati na cabeça dele. Ele desmaiou, e eu e saí correndo sentido à rodovia Washington Luís. Eu estava sem roupa, fui colocando no meio do canavial”, relembra.

Carro utilizado pelo criminoso durante os crimes — Foto: Arquivo Pessoal

 

Ao chegar na rodovia, pediu socorro para homens que trabalhavam e foi levada de volta a Rio Preto, onde parou em um estabelecimento e chamou um mototáxi. Em seguida, foi até a casa de sua tia, que acionou a Polícia Militar.

“Eu fiquei com trauma. Eu lembro e fico mal, muito mal. Eu saio com medo. Só saio acompanhada. Ficaram alguns flashes na cabeça. Fiquei muito mal”, diz.

Investigação

O caso começou a ser investigado pela polícia depois de mulheres relatarem que tinham sido estupradas e agredidas com extrema violência.

Os crimes foram cometidos de forma semelhante, fator que fez com os investigadores suspeitassem que um único criminoso poderia ser o responsável.

De acordo o delegado da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) Rio Preto, Wander Solgon, uma das vítimas foi enterrada viva no mês de março de 2020, em Uchoa (SP).

Na época, a jovem de 22 anos foi encontrada nua, suja de terra e com ferimentos pelo corpo. Ele pediu ajuda, foi socorrida e encaminhada ao Hospital de Base.

Suspeito de cometer estupros em série e enterrar uma das vítimas viva é preso em Rio Preto

“As mulheres eram bastantes iguais. Tinham o porte físico e aparência parecidos”, afirmou delegado da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São José do Rio Preto (SP), Wander Solgon.

As investigações perduraram por meses, pois as vítimas, extremamente abaladas, não conseguiam descrever com detalhes as características do homem, mas sabiam que ele era negro e alto e que dirigia um carro branco.

Entrevista ao G1, Wander afirmou que o veículo utilizado nos crimes foi a chave para a polícia chegar ao principal suspeito. Uma foto de José foi mostrada às vítimas, que o reconheceram como sendo o autor dos estupros.

O soldador foi preso na última sexta-feira (19), no bairro Ouro Verde, em Rio Preto. José já cumpriu vinte anos de pena por homicídio e estupro, mas foi solto em 2017 e é suspeito de cometer os mesmos crimes novamente.

“Ele está preso temporariamente enquanto a gente conclui a investigação. Acreditamos que possam haver mais vítimas. Não vamos utilizar o termo serial killer, porque depende de exames médicos, uma coisa mais aprofundada. Mas é fato que ele cometeu uma série de crimes”, disse Wander.

Augusta afirma estar aliviada com a prisão, que foi feita cerca de cinco meses depois de a mulher ser agredida e estuprada. “Eu queria justiça. Na hora que eu o vi preso, dei parabéns à polícia”, diz a mulher.

*Nome fictício para preservar a identidade da vítima

*Com informações da Janaína de Paula, TV TEM